A partir da minha adolescência eu cresci com o método montessoriano na escola e busquei aplicá-lo com minhas filhas em casa desde muito cedo.

Em primeiro lugar, estruturar a casa para uma vivência montessoriana é muito simples e vai além dos quartinhos decorados que vemos no Pinterest.

Quando eu comecei a aplicar o método, ainda nem tinha esse “conceito” de decoração chamado quarto montessoriano.

As pessoas às vezes tendem a glamorizar o simples que já funciona muito bem e podem gerar entendimentos equivocados para um olhar mais desatento.

Então vou trazer um pouquinho dos meus aprendizados com o método montessoriano aplicado aqui em casa. 🙂

O que é o método montessoriano?

Não creio que haja um método melhor que o montessoriano para sensibilizar as crianças sobre as belezas do mundo e para despertar sua curiosidade para os segredos da vida.

Gabriel García Márquez, Prêmio Nobel de Literatura

O Método Montessoriano é a perspectiva educacional desenvolvida por Maria Montessori fundamentada na observação do comportamento de crianças em ambientes estruturados e não estruturados.

O que mais me encanta nesse método é a autonomia que proporciona às crianças.

Certa vez eu li uma frase que para mim resume muito bem esse método: “Quando uma criança está pedindo ajuda a um adulto, ela não espera que ele faça, mas que a ensine a fazer”.

Autonomia para mim é exatamente isso.

Antes de ter um quartinho decorado aqui em casa, foi necessário incorporar algumas atitudes na minha forma de educar para poder facilitar essa jornada entre mãe e filhas montessorianas.

Eliminando o NÃO

Quando adultos descobrem alguma novidade querem pegar, cheirar, lamber, morder, ouvir, etc. Criança também é assim quando ver algo novo.

Quem nunca ouviu aquela máxima: “PORQUE NÃO não é resposta!”?

Pois é, como uma criança vai aprender ouvindo tanto não, não é mesmo? O máximo que ela vai se tornar é numa especialista em dar ordens.

Então, aprendi a não intervir nas atividades das minhas filhas, a menos que fosse absolutamente necessário. Mostro a elas como fazer e deixo que elas façam.

A criança precisa aprender com a observação dos próprios erros, pois não existe perfeição quando se está aprendendo.

Ninguém está realmente interessado em acertar de primeira, mas sim em aprender.

Autonomia

Eu cresci com muita autonomia, o que antigamente eu confundia com independência.

Eu não sei se isso foi proposital na forma que meus pais me educaram, mas é bem provável que sim, principalmente por parte do meu pai.

Meu pai sempre despertou e incentivou a minha curiosidade em querer descobrir e fazer novas coisas. Eu sempre acreditei ser capaz de superar meus obstáculos e, sendo assim, eu queria transmitir isso para minhas filhas também.

Assim, deixo minhas filhas carregarem sua bolsa para a escola, amarrem seus próprios sapatos e colocarem o próprio suco no copo.

Eu evito ao máximo intervir, apenas quando for realmente necessário.

Aprendi que não devo apressar uma fase ou mesmo alguma atividade que a criança esteja realizando, no máximo observar.

método montessoriano sala
Arquivo pessoal

Cada coisa no seu lugar

Do meu ponto de vista, o método montessoriano tem tudo a ver com organização, pois ele proporciona não só a autonomia das crianças, mais também dos pais.

E essa é uma das partes que eu mais amo no método, pois me permite ser mãe ao invés de ser um radar para os erros infantis.

Se uma criança pede toda vez para você colocar água para ela, não seria o caso de repensar o ambiente para que a criança possa fazer isso de forma autônoma?

método montessoriano quarto
Arquivo pessoal

Dicas

Aqui algumas dicas do que eu fiz e você pode adaptar a sua realidade:

  • Nada de berço: eu até cheguei a comprar um berço para a minha primeira filha, mas com a segunda foi bem diferente. Aproveitei o colchão do berço, coloquei no chão sobre um tapete emborrachado e só! Quando minha filha tinha menos de um ano e estava com sono, engatinhava para o colchão e adormecia. Eu ficava encantada com isso ❤️
  • Banquinho no banheiro: esse está lá até hoje para minha filha de 6 anos.
  • Acessibilidade na cozinha: bebedouro, utensílios infantis, lanchinhos, etc. Deixo tudo na altura delas! Você não precisa necessariamente deixar todo o lanche acessível, apenas o suficiente para caso ela precise.
  • Vida prática: a rotina e as tarefas de uma casa são excelentes para ajudar no desenvolvimento de uma criança. Cortar bananas, colocar legumes picados em uma panela, misturar a massa de um bolo e de um pão, etc. Enfim, as possibilidades são infinitas.
  • Um pouco mais de acessibilidade: brinquedos, roupinhas, material de higiene pessoal, espelho, etc. Eu adaptei esses e outros itens na altura das minhas filhas. Deixo que elas escolham a roupinha que querem usar, façam suas próprias produções e, apenas que for extremamente necessário, dou o toque final.

É bom perceber sempre que o interesse da criança é muito mais o processo do que o produto, e que ela pode ter que experimentar muitas vezes antes de acertar – e repetir muitas vezes depois. A criança se interessa pelo mundo porque o mundo ajuda no seu desenvolvimento. O interesse verdadeiro é interior.

Gabriel Salomão

E você, já conhecia o método montessoriano?

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