Todos os anos, outubro rosa é marcado pela prevenção ao câncer de mama.
Minha mãe travou uma luta contra o câncer de mama durante seis anos e toda essa experiência foi bastante marcante para mim.
Durante muito tempo, a dor da perda foi uma ferida aberta e difícil de compreender.
Eu a perdi quando ainda era adolescente, vivendo todo o turbilhão de incertezas que marca essa fase.
Alguns anos depois essa ferida emocional foi restaurada e nunca mais ousei tocar nessa cicatriz.
Hoje, vou compartilhar com vocês um texto pessoal de um momento muito difícil da minha vida.
Não quero gerar desconsolo, até porque a informação sobre a prevenção do câncer pode literalmente salvar vidas.
Então meu objetivo aqui é apenas lembrar que nunca é demais prevenir. Esse é o papel do outubro rosa.
Meu relato pessoal
Ela parece ser tão frágil e indefesa. Parece que o meu sussurro vai romper a sua paz.
Ela é tão linda, mas ela não acredita no que eu digo. Ainda é perfeita, pena que se sinta inválida.
Ela suspira fundo. Está dormindo. O soro desce lentamente em direção a sua veia.
Eu queria ser esse soro para conhecer o que está prejudicando a minha mãe.
Eu queria voltar no tempo para que os nossos domingos na praia fossem mais duradouros.
Eu queria um sorriso que me dissesse que tudo está muito bem.
Eu queria subir naquelas dunas de Natal, em que você estivesse comigo.
Deixe-me lhe observar. Posso tirar uma foto? Quanto tempo não tiramos uma fotografia!
Mas, quem é que quer sair triste na foto?
Só os tolos choram. Eu estou chorando… Você está dormindo.
Dentro de você algo devastador rompe alegrias, destrói sonhos e nos afoga em saudades.
A minha vontade de ser forte está sumindo, especialmente porque eu aprendi a chorar.
Infelizmente o meu sorriso nem consegue ser amarelo.
O vento está fazendo a janela bater. Está lhe incomodando? Acho que não.
Tantas coisas piores já lhe incomodaram. Você é uma vitoriosa. Sofreu dores que o mundo sabe desconhecer.
Mexeram no seu soro. Ele agora está mais devagar. Cada gota parece um momento, um sorriso, uma lembrança.
Momentos felizes… Mas, eu ainda sou feliz, por você está aqui comigo.
Você ainda vê o mundo crescer… Você cresce com ele, mas em espírito.
Eu lhe vejo próxima de Deus. Ele sabe que eu te amo. Eu não penso em te perder. Eu não consigo.
Fique comigo essa noite, por favor. Obrigada!
Posso lhe dizer que você é a carequinha mais linda do mundo. Você não acredita, mas eu não vou implicar com a menina mais durona que conheço.
Não esquece que eu te amo… Muito!
Maceió, 16 de setembro de 1998 às 22h30
Ela faleceu no dia 17 de setembro de 1998 às 21h30
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