Quando eu era criança, eventualmente minha avó Augusta saia do interior e passava uma temporada na nossa casa em Maceió.

Eu amava essa folia, pois minha avó garantia boas risadas e histórias infindáveis.

Uma das cenas clássicas e memoráveis era quando ela sentava próximo à televisão ligada, sintonizava o seu estimado rádio de pilha e abria o livro que estava lendo atualmente.

Pronto, lá estava a minha avó fazendo três coisas em simultâneo.

Aquela cena nos proporcionava deliciosas risadas, mas minha avó Augusta dava conta de atualizar a família inteira sobre os acontecimentos noticiados.

Parece uma cena impossível: ler um livro, ouvir um rádio e assistir TV! É, querido leitor, talvez seja mesmo impossível.

Somos mesmo multitarefas?

Minha querida avó Augusta já não habita mais entre nós, mas as suas peripécias são memoráveis.

Relembrando aquela cena e hoje, com tanta coisa disputando a nossa atenção, fica a dúvida: somos mesmo multitarefas?

Tem mulher que defende essa incrível capacidade frente aos homens, afinal conseguimos cuidar dos filhos, trabalhar, cuidar da casa… Epa, epa, epa, alto lá!

Talvez a nossa atenção esteja tão pulverizada em tantas coisas que nem estejamos vivendo, mas sobrevivendo. E ao invés de realizar coisas, estamos dispersando energia.

Eu já abandonei a capa de super-qualquer-coisa e você também pode fazer o mesmo.

No livro A tríade do tempo, Christian Barbosa afirma que “mais de 14 institutos de pesquisa (incluindo Harvard, MIT, Stanford, etc.) já provaram de formas diferentes que quem tenta “multitarefar” perde até 30% a mais de tempo”.

Sendo assim, querido leitor, parece que ser multitarefas não é tão vantajoso assim.

Qual é o tipo que multitarefa?

Alguns tipos de personalidade no Eneagrama apresentam mais o comportamento de multitarefas. São eles:

  • Tipos 1, 3 e 8 podem apresentar comportamentos de multitarefas com foco na eficiência, no resultado ou na sensação de controle, respectivamente;
  • Tipos 5 e 7 podem apresentar comportamentos de multitarefas por dispersão ou impulso, respectivamente.

Vale ressaltar que alguns são mais eficazes nessa empreitada do que outros e que isso não exclui os outros tipos de apresentarem esses comportamentos também.

By Giphy

Se você está “multitarefando”, você não está focando

Se você tem uma tarefa importante para fazer, você fará. A dúvida é: qual outra tarefa irá concorrer com ela?

Hoje em dia, temos as redes sociais colocando nossas metas e objetivos no limbo da procrastinação.

Provavelmente, ser multitarefas dificulta você de focar no que é importante.

No livro Essencialismo, Greg McKeown apresenta um conceito sob a ótica do essencialista, ou seja, aquela pessoa que faz uma pausa para discernir o que realmente importa.

O não essencialista aborda cada dilema desses se perguntando: “Como fazer ambos?”. Os essencialistas fazem a pergunta mais difícil, mas em última análise mais libertadora: “Que problema eu quero?”. Ele busca deliberadamente perder para ganhar. Age por si em vez de esperar que ajam por ele.

Greg McKeown

Quando você foca, a economia de energia é brutal.

Quantas vezes ao final do dia você se sente esgotado/a? Quantas vezes ao longo do dia a sua energia, foco e atenção são dispersos em situações ou atividades supérfluas?

Ao ler esse texto, quantas vezes o seu pensamento foi quebrado por situações externas e aleatórias?

Nós estamos na contramão da nossa capacidade humana básica de estar plenamente presente, conscientes de onde estamos e o que estamos fazendo.

Estamos vivendo como zumbis sendo levados pela próxima tarefa, bipe ou notificação no telefone.

E agora, como eu faço?

Essa é uma pergunta mais simples de responder do que de fazer, pois, treinar a nossa atenção plena requer lutar contra um mundo que diz diariamente que devemos produzir cada vez mais.

E produzir cada vez mais leva ao erro cognitivo de que somos multitarefas.

Para driblar isso, a meditação e a respiração consciente são as ferramentas que simplesmente transformam o meu dia. Sério!

Uma das frases que eu mais repito é que a melhor sensação do mundo é respirar.

Todo mundo aqui em casa dá risada quando eu falo, mas é verdade.

Três respirações profundas e conscientes mudam completamente a minha forma de escolher e focar no que realmente importa.

Além disso, eu utilizo a técnica pomodoro, inclusive estou utilizando agora para escrever esse artigo.

A técnica pomodoro consiste em dividir o seu tempo em blocos para executar atividades previamente definidas, lidar com as distrações e promover pausas para descansar.

É foco total no que importa!

Sendo assim, experimente desligar o seu celular quando você precisar estudar, ou fazer um relatório.

Bloqueie as distrações que você já sabe que te atrapalham, feche as abas abertas do navegador e coloque uma playlist para concentrar.


Minha avó fazia três coisas em simultâneo, mas vamos combinar que não chega nem perto da penca de distrações a concorrer pela sua atenção durante o dia.

Outros tempos, outra geração. E o que fica mesmo é a saudade e as boas risadas.

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